Desenhos do Demo revisita o imaginário visual e narrativo do figurado típico do artesanato português, em particular a região de Galegos, no concelho de Barcelos.

O jogo de palavras proposto pelo título da exposição articula o termo Demo entre a síncope da palavra demonstração e a referência à entidade demoníaca. Uma série de desenhos que passam pela representação dos temas abordados por autores como Rosa Ramalho, Julia Côta, Mistério, Maria Sineta, ou Ana Baraça, como artesãos representativos desta região minhota. Todo este imaginário, bastante rico não só na sua abordagem figurativa mas também metafórica, é filtrado pela minha expressão visual como ilustrador, ao uniformizar os contextos e as representações típicas associadas ao artesanato português, entre o leigo e religioso, entre as festas e os rituais, entre as referências mitológicas e pagãs. Na exposição Desenhos do Demo estarão representadas figuras fantasmagóricas, animais, máscaras rituais, cobras e lagartos.

Os desenhos surgem pela contaminação das referencias de cariz popular e folclórico, numa abordagem interpretativa forçando as barreiras entre o tradicional e o contemporâneo.

O lado ritualista, situado entre o profano e o sagrado, bastante rico na tradição popular portuguesa é interpretado num conjunto de desenhos que transportam a carga simbólica das histórias referentes à cultura popular. Os desenhos são interpretativos e carregam em si o mistério narrativo de múltiplas lendas, neste caso em particular, ficcionadas e inventadas por mim.