CURADORIA DE BÁRBARA COUTINHO



Em 1958, Bruno Munari dá vida a um garfo, sugerindo emoções, atitudes e estados de alma. Dezasseis anos mais tarde, Alessandro Mendini lança fogo a uma cadeira colocada sobre um pedestal, questionando o próprio arquétipo de cadeira. Hoje, vivemos uma época em que a natureza dos objectos comuns e o modo como nos relacionamos com eles passam por uma profunda mudança, dissociando-se a utilidade do seu significado e formatividade.

A exposição "Morte ao Design! Viva o Design!" apresenta uma selecção do acervo do MUDE – Museu do Design e da Moda, Colecção Francisco Capelo, com o propósito de contribuir para o tema em debate na Bienal EXD’11 e aprofundar o estudo, divulgação e internacionalização da colecção do museu. Centramo-nos no contexto pós-modernista, onde a função se dissocia da forma, e no subsequente escrutínio à identidade, natureza e fronteiras da disciplina do design. Em debate a própria noção de objecto – valor, símbolo, representação, linguagem e estetização.

A partir de 1980, os herdeiros dos movimentos Anti-Design e Design Radical – que, desde finais dos anos 60, preconizaram uma crítica ao postulado racionalista pela sua cumplicidade com o sistema de produção – aprofundam uma pesquisa que questiona a própria definição de design e o seu património, abrindo um caminho que conduz até à actualidade.

Falamos de autores tão diversos como Gaetano Pesce, Ettore Sottsass, Yohji Yamamoto, Comme des Garçons, Martin Margiela, Walter Van Beirendonck, Alessandro Mendini, Andrea Branzi, Peter van der Jagt, Philippe Starck, Danny Lane, Jean Paul Gaultier, Issey Miyake e Rody Graumans... ou de obras que defendem o primado da forma ou se afastam da mera provocação por exigirem um exercício de descodificação e criarem uma relação emocional com o utilizador, exaltando o seu valor expressivo, político, poético e irónico. Foge-se a categorizações e desafiam-se as tradicionais fronteiras entre o design, a arquitectura e a arte, na esfera de influência das pesquisas conceptuais protagonizadas por Marcel Duchamp, Richard Artschwager, Donald Judd, Andy Warhol ou Joseph Kosuth.

Proclama-se a morte do paradigma funcionalista para se exaltar o experimentalismo, a reinvenção e o conceptualismo. Assiste-se a uma reflexão sobre o próprio objecto e a sua utilidade, a herança cultural do Design, a imagem e o seu valor, a relação com o sistema económico e produtivo, o carácter de representação/significação e a relação com a palavra/conceito. Em consequência, o Design vive um momento de grande criatividade, afirmando-se cada vez mais plural, vivo, actuante e abrangente.
Curador Bárbara Coutinho/ Design Gráfico Jorge Silva - Silva Designers/ Arquitectura Luís Saraiva/

Fotografia: © 2011, Luísa Ferreira
2 Out – 15 Jan 2012

MUDE - Museu do Design e da Moda
Rua Augusta, 24
1100-053 Lisboa

Ter–Dom 10:00–18:00
Última entrada 45 minutos antes
Encerra Segunda

Metro: Linha Azul, Linha Verde – Baixa-Chiado
Autocarros: Terreiro do Paço – 36/ 44/ 709/ 711/ 714/ 732/ 740/ 745/ 759/ 760/ 781/ 782/ 790/ 794/
Eléctrico: 15E/ 18E/ 25E/ 28E/

Entrada Gratuita