Concentrada no centro de Lisboa, a programação da EXD’11 ocupa diferentes espaços privilegiados. Os itinerários desenham-se de modo a redescobrir o património arquitectónico e as dinâmicas urbanas: os eventos nucleares agrupam-se num percurso que pode ser feito a pé ou de eléctrico, enquanto os projectos tangenciais estão distribuídos por diferentes zonas da cidade.

O ponto centralizador da programação desta Bienal é o imperdível Lounging Space, alojado no antigo Tribunal da Boa-Hora. Com os seus conteúdos próprios e ambiente descontraído é um espaço convidativo a diversas visitas.

ANTIGO CONVENTO DA TRINDADE

Situado sobre um antigo convento do século XIV e retendo características da arquitectura religiosa, este edifício pombalino de planta rectangular irregular destaca-se pela marcada horizontalidade e regularidade formal da fachada, pontuada por janelas e uma varanda corrida no andar nobre. Um dos principais atractivos é a decoração em azulejo, encontrando-se a fachada principal revestida a azulejo barroco e joanino de padrão aproveitado do Antigo Convento da Santíssima Trindade. No interior, as paredes do átrio de entrada estão revestidas a meia altura por azulejo joanino de figura. Decorada com azulejo cobalto e azul com albarradas, a escadaria secundária no terceiro piso é encimada por um nicho embutido Maneirista do antigo convento da Trindade em mármore branco e rosa.
Vendido em 1836 aquando da extinção das Ordens Religiosas em Portugal, o primeiro andar deste edifício acolhe desde essa data a já célebre Cervejaria Trindade, que ocupa o antigo refeitório do Convento.

ANTIGO TRIBUNAL DA BOA-HORA

Originalmente um convento fundado em 1633 por D. Luís de Castro do Rio, o edifício albergou várias congregações e ordens religiosas durante as décadas seguintes. Seriamente danificado pelo terremoto de 1755, foi reconstruído pelo arquitecto Eugénio dos Santos, sob indicações de Manuel da Maia, autor da Baixa Pombalina. Com a extinção das Ordens Religiosas em 1834, o convento serviu de quartel ao 1o Batalhão dos Voluntários do Comércio e de sede da Guarda Nacional de Lisboa antes de ficar na dependência do Ministério da Justiça, transformando-se no Tribunal da Boa-Hora.
Palco de julgamentos marcantes sobre as leis da liberdade de imprensa durante a Primeira República, aí viria a funcionar o Tribunal Plenário, instrumento de perseguição política durante o regime de Salazar, onde foram arguidos, entre outros, Álvaro Cunhal e Mário Soares. Com 165 anos de história, este espaço emblemático da justiça criminal portuguesa foi encerrado em 2009 com a transferência dos serviços para um novo pólo centralizador situado no Parque das Nações.
Fotografia: © Pedro Seixo Rodrigues, 2011

BIBLIOTECA MUNICIPAL CAMÕES

A Biblioteca ocupa o Palácio Valada-Azambuja ou Palácio dos Condes de Azambuja, inicialmente edificado no século XVI na freguesia de São Paulo. Após o terremoto de 1755 foi objecto de total reconstrução e desde os finais do século XIX tem sofrido profundas alterações que modificaram por completo a sua traça original. No entanto, a sua fachada mantém as características setecentistas e o átrio de entrada exibe um interessante conjunto de painéis de azulejos da época.
A partir do ano de 1925 o edifício foi a sede do jornal “A Lucta”, vindo posteriormente a tornar-se num equipamento municipal denominado Biblioteca Municipal Camões em Outubro de 1981.
Dentro das actividades que a Biblioteca oferece ao público de todas as idades, como a consulta de publicações generalistas, debates ou projecções, os apreciadores de literatura policial podem consultar mais de 6000 volumes de autores portugueses e estrangeiros do género.

CINEMA SÃO JORGE

Quando o Cinema São Jorge abriu as suas portas em 1950 era a maior e mais sofisticada sala de espectáculos do país, com lugar para 1827 pessoas, bem como ar condicionado, dois foyers e sala de projecção privada. Construído com capitais luso-britânicos, distinguia-se pelas suas excelentes condições técnicas, acústicas e modernidade das linhas que valeu ao seu arquitecto, Fernando Silva, o Prémio Municipal de Arquitectura em 1951. Propriedade da Rank Filmes até 1985, o Cinema São Jorge sofreu obras profundas em 1982, sendo a sua sala principal dividida em três salas independentes. Adquirido em 2000 pela Câmara Municipal de Lisboa, o Cinema reabriu ao público em Maio de 2006 após extensas obras de beneficiação que permitiram alargar a sua oferta para incluir além do cinema, a música, o teatro exposições e debates.
Estas novas valências e dinâmica programática visam afirmar o Cinema São Jorge como pólo central na revitalização cultural da Avenida da Liberdade.

CINEMATECA

A Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema está instalada em Lisboa, desde o princípio dos anos 80. O seu edifício, antiga moradia construída em 1887, foi restaurado e ampliado em 2002. Desde que reabriu, em 2003, a Cinemateca possui duas salas de cinema (com cinco sessões diárias de segunda a sábado), um espaço museográfico conhecido como 39 Degraus, a melhor cabine de projecção de Lisboa, salas de exposição permanente e temporária, biblioteca, centro de documentação, restaurante e esplanada (que no Verão acolhe sessões de cinema ao ar livre). A divisão de Arquivo da Cinemateca, o ANIM (Arquivo Nacional das Imagens em Movimento) está instalada no Freixial, num edifício construído de raiz e inaugurado em 1995. No Palácio Foz funciona a Cinemateca Júnior, com exposições permanentes na área do pré-cinema e uma programação de cinema dirigida sobretudo a crianças e jovens.

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

Sediada em Lisboa, a Fundação Calouste Gulbenkian é uma instituição portuguesa de direito privado e utilidade pública, cujos fins estatutários são a Arte, a Beneficência, a Ciência e a Educação. As instalações da Sede e Museu, projectadas pelos arquitectos Ruy Athouguia, Pedro Cid e Alberto Pessoa, foram inauguradas em 1969.
Integram um Grande Auditório, espaços para exposições temporárias, uma zona de congressos e um edifício próprio que alberga o Museu Calouste Gulbenkian, os serviços educativos do Museu e a Biblioteca de Arte. O complexo é envolvido pelo Parque Gulbenkian, projectado pelos arquitectos Viana Barreto e Ribeiro Telles. Em 1983, numa das extremidades do parque, foi inaugurado o Centro de Arte Moderna, construído segundo projecto do arquitecto britânico Sir Leslie Martin.

FUNDAÇÃO ARPAD SZENES-VIEIRA DA SILVA

Instalada na antiga Fábrica de Tecidos de Seda no Jardim das Amoreiras, a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva inaugurou em 1994. Integra o Centro de Documentação e Investigação dedicado ao estudo e divulgação da obra deste casal de artistas plásticos e também o Museu, que apresenta exposições temporárias de outros artistas, nacionais e internacionais, contextualizando a produção de Arpad Szenes e Maria Helena Vieira da Silva.
O edifício situa-se no bairro operário das Amoreiras fruto da planificação de Carlos Mardel na fase pós-terramoto de 1755, época em que Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal era Primeiro-Ministro plenipotenciário e foi o responsável pela reconstrução de Lisboa. Integrando residências operárias e oficinas associadas à produção de sedas, o edifício do século XVII tem hoje a classificação de imóvel de Interesse Público. Foi escolhido pela própria Vieira da Silva e a sua recuperação e adaptação dirigida pelos arquitectos José Sommer Ribeiro e Richard Clarke. Mantendo a sua traça original de características geométricas simples e uma escala harmoniosa com a cidade, este Museu intimista e discreto alberga um valioso acervo de doações feitas por Vieira da Silva de obras suas e do seu marido.

JARDIM DAS AMOREIRAS

Com a toponímia de Jardim Marcelino Mesquita em homenagem ao escritor e dramaturgo, situa-se na Praça das Amoreiras, freguesia de São Mamede, e foi inaugurado em 1759 pelo Marquês de Pombal.
O jardim integrava-se num bairro de características operárias, projectado durante a reforma urbanística da cidade após o terremoto, para instalação de um conjunto de equipamentos e recursos complementares à indústria da seda. De características românticas, integrava uma plantação de 331 amoreiras que alimentavam o bicho da seda, tendo sido retiradas em 1863.
Com uma área de 6.000m2, o jardim é delimitado pelos arcos do Aqueduto das Águas Livres (1748), pela capela de Nossa Senhora de Monserrate (1878), pela antiga Fábrica de Tecidos de Seda, hoje Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva e por diversas habitações operárias do século XVIII.
Um sítio de excepção no centro da cidade para um momento de pausa, protegido da azáfama do contíguo Largo do Rato.

MÃE D´ÁGUA DAS AMOREIRAS

O reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras foi iniciado segundo o plano do arquitecto húngaro Carlos Mardel em 1752, por ordem do Marquês de Pombal. Após a morte do autor, o projecto foi retomado por Reinaldo Manuel dos Santos em 1772, que alterou o desenho inicial sendo a obra concluída em 1834, no reinado de D. Maria II. Com uma cisterna de 5.500m3 de capacidade, a 7,5m de profundidade, a sua função era armazenar e distribuir à cidade de Lisboa a água trazida pelo Aqueduto das Águas Livres.
Com um ambiente interior singular, esta edificação classificada como imóvel de Interesse Público oferece ainda na sua cobertura um amplo terraço com vista sobre Lisboa. É actualmente um dos núcleos do Museu da Água da EPAL, utilizado para exposições, concertos, performances e outras iniciativas culturais.

MUDE – MUSEU DO DESIGN E DA MODA

O MUDE está instalado no edifício do antigo Banco Nacional Ultramarino, um projecto inicial de 1952 do arquitecto Cristino da Silva que ocupa um quarteirão da Baixa Pombalina. Em 2009 o edifício foi adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa, iniciando-se a sua adaptação a Museu, projectada por Ricardo Carvalho e Joana Vilhena. A imagem actual integra o impressionante balcão de atendimento em pedra, a estrutura de betão à vista e outros materiais pouco comuns como telas, paletes, réguas fluorescentes e pinturas industriais. O MUDE funciona como uma instalação provisória em constante transformação que vive como um work in progress, não estando a própria obra ainda concluída.
O MUDE destaca as várias áreas do design através de mostras da colecção e programação temporária, contemplando o debate, a área editorial e actividade educativa. Desde a sua abertura em Maio de 2009 tem sido um equipamento da maior importância na revitalização da Baixa, atraindo milhares de visitantes nacionais e estrangeiros. É fundamentalmente um dinâmico pólo cultural urbano, espaço de experimentação gerador de diálogo entre os vários domínios da criatividade sejam eles técnicos, performativos ou artísticos.

MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO

O Museu ocupa as ruínas do Carmo, antiga Igreja do Convento de Nossa Senhora do Vencimento do Monte do Carmo fundado por D. Nuno Álvares Pereira e sagrado em 1423. Extremamente danificada pelo terremoto de 1755, esta importante igreja gótica foi alvo de reconstrução no reinado de D. Maria I, que não viria todavia a ser concluída por motivos de ordem financeira e operacional.
Com a constituição da Real Associação dos Architectos Civis e Archeólogos Portugueses em 1863, o Museu Arqueológico do Carmo foi fundado um ano depois pelo arquitecto Joaquim Possidónio da Silva.
O objectivo inicial foi o de preservar peças recuperadas de instituições religiosas após a extinção das casas monásticas em 1834. Desde então o Museu tem vindo a ampliar o seu espólio de enorme valor histórico, incorporando hoje um vasto conjunto de peças datadas da Pré-História à contemporaneidade, com destaque para as colecções de escultura em pedra.
O icónico edifício do Museu, com os seus arcos sem cobertura a enquadrar o céu, constitui hoje uma imagem ímpar na silhueta de Lisboa.

MUSEU DE ARTES DECORATIVAS PORTUGUESAS

O Museu ocupa o Palácio Azurara, um edifício seiscentista situado entre duas torres da Cerca Moura, no Largo das Portas do Sol, em Alfama. Em 1947 foi adquirido pelo mecenas e coleccionador Ricardo do Espírito Santo Silva que, com a colaboração do arquitecto Raul Lino, deu início ao seu restauro. A sua intenção era transformar o Palácio numa casa aristocrática do século XVIII, expondo peças decorativas da sua colecção particular numa cenografia museológica.
Inaugurado em 1953, o Museu oferece um contacto privilegiado com peças representativas do património das Artes Decorativas Portuguesas do século XV ao XIX. Um conjunto de grande coerência para a contextualização da cultura portuguesa, organizado segundo as diversas áreas temáticas: Mobiliário, Têxteis, Prataria e Ourivesaria, Porcelanas portuguesas e chinesas, Faiança, Pintura, Desenho, Encadernação.

MUSEU DA FARMÁCIA

Inaugurado em 1996, este Museu localiza-se na sede da Associação Nacional das Farmácias, um palacete construído em 1860 sobre as ruínas da antiga Igreja de Santa Catarina. O seu acervo abrange 5000 anos de história da Farmácia e da Saúde, com peças de culturas e locais tão diversos quanto o Egipto, Roma ou Mesopotâmia. Entre os milhares de peças utilizadas no estudo e prática da farmácia, desde a Antiguidade até à contemporaneidade, apresenta a reconstituição integral de 4 farmácias, destacando-se a Farmácia de Macau e as farmácias portáteis utilizadas na expedição ao Pólo Norte em 1911, na viagem espacial do Space Shuttle “Endeavour” 2000 e na prova desportiva Lisboa-Dakar 2006.

MUSEU GEOLÓGICO

O Museu Geológico funciona no 2º andar do edifício do antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de S. Francisco, em pleno coração do centro histórico de Lisboa, no Bairro Alto. O edifício começou a ser construído em finais do século XVI, prolongando-se a obra pelos dois séculos seguintes, sofrendo ainda as consequências do terremoto de 1755. O seu traçado desenvolve-se em torno de um claustro quadrangular maneirista com um pequeno jardim e uma antiga cisterna em pedra. Pertence a um conjunto edificado classificado de Interesse Público que inclui também os vestígios da cerca conventual, a Igreja de Nosso Senhor de Jesus, a Capela da Ordem Terceira de Nosso Senhor de Jesus e o Hospital de Jesus.
Com a expulsão da ordens religiosas em 1834, o edifício foi doado à Academia das Ciências de Lisboa, sendo parte do espaço cedida à Comissão Geológica em 1858, que aí funcionou em paralelo com a Faculdade de Letras. A constituição da colecção do Museu começou em 1859 com os trabalhos de pesquisa e recolha de amostras dos Serviços Geológicos de Portugal e do Instituto Geológico e Mineiro.
A mostra hoje existente tem a singularidade de apresentar referências museológicas do século XIX, pela sua disposição, mobiliário e características espaciais, um “Museu dos Museus” como é referido por especialistas.

MUSEU DE SÃO ROQUE

O Museu está instalado na antiga Casa Professa da Companhia de Jesus, um edifício contíguo à Igreja maneirista de São Roque, um conjunto edificado no século XVI no perímetro do Bairro Alto. A designação original de 1905, Museu do Tesouro da Capela de São João Baptista, referia-se à colecção de arte italiana que acolhia.
Tendo diversificado o seu espólio de crescente riqueza, na década de trinta surge como Museu de Arte Sacra de São Roque e trinta anos depois a própria Igreja de São Roque foi associada ao seu conteúdo museológico. Recentemente recuperaram-se os espaços de ligação entre a Igreja e a Casa Professa e também o seu claustro, permitindo uma maior unidade de conjunto.

MUSEU DO TEATRO ROMANO

Inaugurado em 2001, este Museu de cariz arqueológico pretende contextualizar o legado do Teatro Romano existente na encosta da colina do Castelo de São Jorge. A narrativa museológica é formada pelas escavações arqueológicas do local, reflexo da intensa romanização da cidade de Felicitas Iulia Olisipo, e pela exposição de testemunhos arqueológicos e históricos no edifício seiscentista contíguo, que pertenceu ao Cabido da Sé. Os vestígios integram não só a época de construção do Teatro (século I d.C.) mas também a evolução da ocupação desta zona.

PRAÇA DA FIGUEIRA

É uma das Praças centrais de Lisboa, concebida no âmbito dos planos pós-terremoto, sobre as ruínas do Hospital de Todos os Santos.
Inicialmente teve a função de mercado central para venda de frutos e legumes em regime aberto, vindo a ser modificado em 1882 com a decisão de construir um edifício rectangular em estrutura metálica que cobria uma área de quase 8.000m2.
Era um espaço animado, pela sua centralidade e bulício da actividade comercial, onde se realizavam grandes arraiais por ocasião dos Santos Populares. Em 1947 o Município decidiu que o mercado seria demolido, com vista à melhoria da circulação viária na cidade. Em 1971 é erguida a estátua equestre de D. João I, da autoria de Leopoldo de Almeida, que ainda hoje é um elemento marcante neste espaço.
Realizando-se em Lisboa desde 1999, a Bienal envolve uma rede mundial de agentes dos mais diversos sectores, promovendo a inovação e a cultura de projecto enquanto vectores de desenvolvimento sustentável a todos os níveis. Fortemente empenhada na construção de um legado material e imaterial que constitua uma mais-valia para indivíduos e instituições, a EXD assume o design como ferramenta operativa para uma intervenção e mediação transformadoras da contemporaneidade.