O EDIFÍCIO
Em termos programáticos o edifício, que anteriormente tinha apenas aberto ao público o Posto de Turismo e uma sala de exposições temporárias, acolhe agora no piso 0 o Posto de Turismo, no piso 1 o Centro de Interpretação, sendo que o Surf Café se encontra nos dois pisos, aproveitando a varanda.
Com uma forte componente de preservação arquitectónica, o projecto global de requalificação do Posto de Turismo da Ericeira recupera e valoriza elementos qualitativos originais interiores e exteriores do edifício, que se tinham de alguma forma diluído nas obras anteriores de requalificação, respeitando a estrutura urbana envolvente e a cultura local, reforçando a sua identidade original.
Dentro desta óptica foram recuperados e utilizados materiais e referências da zona, como os revestimentos em pedra de lioz, associados às colunas já existentes no espaço e que o marcavam profundamente, e a integração de uma zona com plantas na varanda superior, numa citação ao ecossistema ambiental da Ericeira e à zona onde a Reserva Mundial de Surf se encontra.
A fachada foi totalmente pintada de branco, sublinhando uma das características matriciais da vila, que tão bem se encontra descrita neste texto do livro “O Archeologo Português”.
Para a fachada criou-se um elemento de destaque impactante que sinaliza a mudança do interior, e que respeita a traça e história do edifício e do seu meio envolvente.
“Em Agosto de 1907, fiz uma temporada de ares salinos na Ericeira,(...). Se a povoação em si é da mais lavada brancura nas paredes das casas, nos telhados dos edifícios, em todas as construções por modestas que sejam, pois que nada escapa ao zêlo minucioso do caiador ericeirense, as terras, os campos, as rochas circundantes são o que há de mais áridamente torrado pelo sol, que lhes calcina a argila amarela.
Não se pode pois dizer que tenha meiguice a paisagem, mas o asseio característico da vila, a cerúlea limpidez do seu mar, o rumoroso bulicio da sua vida piscatória, a monotonia reparadora e benéfica dos seus verões resgatam-na generosamente daquele senão, que para gente pacata redunda num apreciado atractivo. Se o vento, ali concentradamente salgado, permitisse acrescentar à tela desta paisagem as penumbras ligeiras dos pinhais ou as sombras profundas das matas, nada faltaria para amaciar a crua singeleza das suas tintas: nos terrenos, o ocre com a sua quente tristeza; alêm da praia, o mar com o seu mais seintilante verde-azul; a vilinha com a sua mais branca reverberação, o céu como uma enorme torqueza olhada pelo interior.”
in “O Archeologo Português”, Volume I
com redação de J. Leitte de Vasconcellos, Director do Museu Ethuograiihico Português.
O POSTO DE TURISMO
O Posto de Turismo, que já existia no piso 0, foi totalmente redesenhado e requalificado.
Criou-se uma narrativa curatorial que se traduz num percurso coerente e intuitivo no usufruto do espaço do Posto. A organização dos materiais de informação que o Posto oferece, foi repensada num modelo mais simples e claro que se divide por temáticas claramente identificadas – Cultura, Mar, Gastronomia, Roteiros e Concelho de Mafra – tornando a escolha mais evidente e imediata, guiando o turista.
O balcão de atendimento tem um desenho novo, é todo em mármore e foi centralizado no espaço, optimizando o seu funcionamento e respondendo mais facilmente às necessidades de prestar informação e dar apoio aos visitantes. Foram também criadas melhores condições para os recursos humanos, repensando e reorganizando toda a área de back office, bem como toda a iluminação.
Foi criada uma parede ao fundo com uma intervenção gráfica sob a temática do surf, com luz, que se torna numa referência do espaço e faz a separação com a área de serviço e as casas de banho.
O Posto é também dotado de vários espaços de exposição e venda de produtos regionais e emblemáticos da Ericeira e do Concelho de Mafra. Estes produtos são escolhidos e identificados por uma equipa própria que permite reunir uma oferta de elevada qualidade, transformando o Posto de Turismo num ponto de referência para a sua aquisição.
Foi colocado um elevador, que dá acesso directo ao piso 1, permitindo o seu acesso às pessoas com dificuldades de locomoção. O Posto de Turismo está também preparado para, numa segunda fase, receber equipamentos digitais especificamente desenhados para o efeito, de consulta sobre a Ericeira e sobre toda a oferta turística do concelho.
O SURF CAFÉ
A criação de uma cafetaria, com espaço interior e exterior, que não existia anteriormente, é um dos polos dinamizadores do conjunto. É um complemento lúdico à utilização mais prática e informativa que o Posto proporciona. O modo como ela se integra entre o piso 0, numa nova galeria fechada, e o piso 1, aproveitando a varanda exterior que estava sem uso, traz toda uma nova dinâmica ao edifício. Utiliza ainda a zona das arcadas do piso 0, que anteriormente era apenas uma área de passagem e que acumulava lixo e desperdícios ao longo do ano, e que agora foi fechada, mantendo no entando dois acessos ao exterior.
O conceito de utilização inspirou-se na prática do surf, reforçando as suas características comunitárias e de socialização. Assim, o Surf Café tem uma grande mesa comunitária na zona principal, sendo que todo o mobiliário, em madeira e mármore, foi desenhado especificamente para o efeito e foi inspirar-se nas mesas originais da leitaria Ucal.
O CENTRO DE INTERPRETAÇÃO
O Centro de Interpretação sobre a Ericeira Reserva Mundial de Surf é a grande novidade deste projecto. Ocupa todo o piso 1 do edifício do Posto de Turismo e funciona independentemente do mesmo.
É um projecto altamente inovador e interactivo, com uma abordagem que aposta fortemente na tecnologia, proporcionando uma experiência verdadeiramente imersiva, concebida e desenvolvida pela ALTA – International Creative Alliance.
Tem como objectivo explicar o que é a Reserva nas suas dimensões principais: as suas 7 ondas, a Bioesfera, a Comunidade de Surf Local e a Logística. Foi realizado um levantamento exaustivo destas 4 dimensões e efectuada não só a sua sistematização, mas também a sua reformulação de modo a que a informação possa ser facilmente apreendida pelo público. O passo seguinte foi criar de raiz um sistema de vídeo-mapping interactivo sobre uma maquete da reserva de cerca de 4 metros, acompanhado por iPads com informações específicas criando uma plataforma lúdica e experiencial de transmissão de conteúdos e de informação.
No centro da sala do piso 1, que foi parcialmente obscurecida, destaca-se a mesa interactiva, composta por uma maquete topográfica dos 4km que englobam a Reserva Mundial de Surf, juntamente com uma representação do relevo batimétrico desta área. Utilizando tecnologias avançadas de projecção e vídeo-mapping, tem como objetivo central apelar à participação do público através de um processo de transmissão de conhecimento marcadamente dinâmico e lúdico. A mesa pode ser comandada através de um écran touch que vai explicando toda a informação sobre a reserva e que vai interagindo com a maquete através da projecção em vídeo-mapping. Em paralelo, as informações detalhadas sobre as 7 ondas estão em 7 iPads que podem ser consultados individualmente. A acompanhar esta informação, existem vários momentos de informação gráfica nas paredes da sala e um grande painel que explica o que é a classificação de Reserva Mundial de Surf e a relação da Ericeira Reserva Mundial de Surf, única na Europa, com as outras reservas mundias.
Sublinhando a importância da Reserva Mundial de Surf, o Centro de Interpretação explora o papel que o Surf tem vindo a representar na evolução da Ericeira, estabelecendo uma ponte importante entre as características geográficas desta região e um nível de conhecimento que estava ainda por comunicar.
É também um contributo importante para a sustentabilidade ambiental desta região, que representa um dos objectivos principais das Reservas Mundias de Surf.
O Centro de Interpretação sobre a Reserva Mundial de Surf da Ericeira apresenta-se como um modelo revolucionário em termos de comunicação, e foi completamente desenhado e criado para o efeito, através do uso de software de grande complexidade e das novas tecnologias.
A IMAGEM GRÁFICA
A criação da imagem gráfica partiu do estudo da sinalética local de características mais tradicionais, utilizada na toponímia e sinalização diversa de informações e serviços locais.
Cromaticamente optou-se pelo preto e branco de modo a unificar e conviver com as mais variadas referências do surf, que são por si só bastante ricas do ponto de vista cromático.
Na fachada a comunicação é toda a branco, reforçando o carácter institucional do edifício, e, uma vez que as letras são tridimensionais, permitem um jogo de luz e sombra, que se transforma ao longo do dia, de grande beleza, sendo ao mesmo tempo, de enorme simplicidade.
PARTICIPANTE CONVIDADO:
Pedro Falcão
BROCHURA
Brochura do Centro de Interpretação da Ericeira Reserva Mundial de Surf
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