Arjun Appadurai é um dos mais reconhecidos pensadores e líderes na área da globalização. A sua longa carreira académica e de investigação tem-se centrado na compreensão de como este fenómeno tem afectado e influenciado a vida humana na modernidade, acreditando que o maior impacto tem-se exercido na cultura. ler mais …
É autor de vários livros sobre as dimensões socioculturais da globalização. Em Modernity at Large, que é considerado um dos estudos antropológicos mais importantes de sempre, conceptualiza a modernidade como uma circulação de pessoas, ideais, tecnologias e imagens constante e imprevisível, levando à criação de um mundo transnacional. Numa das suas outras obras conceituadas, Disjuncture and Difference in the Global Cultural Economy, Appadurai propõe a existência de cinco factores que contribuem para a troca global de informação e ideias. Denomina estas 5 dimensões como “-scapes”, que são permeáveis e em constante mutação, tal como as próprias culturas. Uma destas dimensões, a Ethnoscape, refere-se à migração de pessoas entre culturas e fronteiras, apresentando o mundo e as suas variadíssimas comunidades como fluidas e móveis e não sólidas e estáticas.
Tendo-se licenciado em antropologia pela Brandeis University e com um Mestrado e Doutoramento da Committee on Social Thought da University of Chicago, Appadurai é Paulette Goddard Professor de Media, Cultura e Comunicação na New York University, onde é também Membro Senior do Institute for Public Knowledge.
Membro do American Academy of Arts and Sciences, durante a sua carreira académica tem também ocupado cargos professorais nas universidades de Yale, Chicago e Pennsylvania, juntamente com um conjunto de bolsas de estudo, recebendo vários prémios académicos.
Arjun Appadurai tem também exercido cargos de consultor para um leque alargado de organizações públicas e privadas, incluindo grandes fundações (Ford, MacArthur e Rockefeller); UNESCO; UNDP, World Bank; o National Endowment for the Humanities e o National Science Foundation. Actualmente integra o Conselho Consultivo do Asian Art Initiative no Solomon Guggenheim Museum e no Conselho Científico do Forum D’Avignon em Paris.
No Borders
Inspirando-se no designer e autor americano, Buckminster Fuller, a EXD’13 lançou o seu tema, NO BORDERS, partindo de uma afirmação retirada do seu livro Manual de Instruções para a Nave Espacial Terra escrito em 1969:
“Onde moras?”, “O que és?”, De que religião?”, “De que raça?”, “De que nacionalidade?”, são hoje consideradas perguntas lógicas. No século vinte e um, a humanidade terá percebido que estas perguntas são absurdas e anti-evolucionárias, ou então os homens terão deixado de viver na Terra.”
Quando em 1969 Buckminster editou o seu livro antecipatório “Manual de Instruções para a Nave Espacial Terra” acreditava que no século XXI estas questões já não se colocariam. Que os homens já estariam num patamar evolutivo em que barreiras criadas pelo espaço, pelas crenças, pela raça estariam diluídas.
O início do século XXI apresenta-se de forma incontornável como um momento único de profundas transformações, aos mais variados níveis, constituindo um período em que seremos inevitavelmente forçados a rever muito do que temos como adquirido e a redesenhar parte substantiva das nossas estruturas operativas.
Marcar uma fronteira significa, em muitos casos, evidenciar uma diferença e torná-la, de algum modo, um obstáculo. “NO BORDERS” centra-se na detecção e na análise daquilo que são algumas das principais barreiras e fronteiras que o ser humano, enquanto animal social, tem vindo a criar ao longo dos tempos. Não só na sua identificação e definição mas também no desenvolvimento de potenciais soluções que as permitam transformar.
Passa também pela certeza de que a colaboração e a cooperação são os grandes veículos de desenvolvimento da sociedade pelo que a criação de um contexto operativo que permita que estas aconteçam se torna prioritário. Esse contexto está intimamente ligado ao desmantelar de algumas das fronteiras que criámos e intimamente ligado ao desenvolvimento de novas ferramentas, materiais ou imateriais, de pequena ou de grande escala.
Quando falamos de fronteiras inerentes às nossas estruturas abrangemos uma tipologia muito diversificada das mesmas. Falamos de fronteiras antropológicas, culturais, sociais, geográficas, tecnológicas, económicas e financeiras. Físicas, mentais, materiais, imateriais, emocionais. Todo um território transdisciplinar e meta-nacional em actual revisitação e em relação ao qual o design irá ter um papel fundamental.
A experimenta lança como tema para a edição da EXD'13 Lisboa um dos grandes temas deste século e convoca designers, arquitectos, pensadores, produtores, investigadores, economistas, gestores, políticos e o público em geral, para uma discussão alargada e plural sobre o mesmo.
Sem fronteiras.”
Em 2017 este tema marca, e continuará a marcar, a agenda política, ética e económica da humanidade. Arjun Appadurai, um dos mais fascinantes pensadores sobre a globalização, retoma a investigação produzida em 2013 pela EXD, trazendo a sua perspectiva única sobre o tema NO BORDERS. ← fechar